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O desempenho nas urnas de Raps, MBL, UNE e Bancada Ativista

Organizações civis suprapartidárias conseguiram eleger vereadores em capitais e até prefeitos de cidades médias com estratégias diferentes

Por Felipe Frazão Atualizado em 7 out 2016, 12h37 - Publicado em 7 out 2016, 10h00
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  • Além do Movimento Brasil Livre (MBL), outros grupos sociais organizados e entidades estudantis elegeram políticos para cargos de vereador e prefeito nas eleições municipais de 2016. Com base nas listas divulgadas pelas organizações civis (nenhuma delas é partido político), VEJA analisou os percentuais de candidatos eleitos em comparação com a quantidade lançada. Com estratégias diferentes, nenhum conseguiu eleger nem 25% dos candidatos.

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    Em sua segunda participação, a Raps [Rede de Ação Política pela Sustentabilidade] obteve o maior índice de candidatos lançados e eleitos: 24%. A Raps elegeu no primeiro turno dezessete “líderes” de sua rede, sendo treze vereadores e quatro prefeitos: Saulo Pedroso (PSD), em Atibaia (SP); Nelson Bugalho (PTB), em Presidente Prudente (SP); Douglas Lucena (PSB), em Bananeiras (PB); e Caio Heitor (PSB), em Frutal (MG).

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    Além disso, seis candidatos a prefeito e um a vice-prefeito da Raps vão disputar o segundo turno em capitais e cidades médias, o que pode elevar o aproveitamento do grupo para 33%. As principais cidades onde candidatos apoiados pela Raps ainda têm chances de vencer são: Nelson Marchezan Jr (PSDB), em Porto Alegre (RS); Edvaldo Nogueira (PCdoB), em Aracaju (SE); Guti (PSB), em Guarulhos (SP); Silvio Barros (PP), em Maringá (PR); Napoleão Bernardes (PSDB), em Blumenau (SC); Raquel Lyra (PSDB), em Caruaru (PE); e Gisele Uequed (Rede) como vice-prefeita em Canoas (RS).

    Um documento público da Raps listou 72 candidatos ligados à entidade. Eles tentaram se eleger em 55 cidades de 16 Estados, filiados a 21 partidos diferentes – a Rede Sustentabilidade abrigou o maior número de candidaturas. Criada em 2012, a Raps é liderada por Guilherme Leal (empresário dono da Natura e candidato a vice-presidente da República em 2010 na chapa da ex-senadora Marina Silva) e Neca Setúbal (socióloga, educadora, dona do Itaú e também apoiadora de Marina). O grupo oferece ciclos de formação e prega a atuação ética, transparente e apartidária.

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    Contribuem para o resultado da Raps o fato de a entidade apoiar candidatos já experientes, boa parte deles com carreira política e eleitoral estabelecida. O vereador paulistano Gilberto Natalini (PV), por exemplo, vai para o quinto mandato no parlamento, e o ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) tenta retornar ao cargo em Aracaju. Em 2014, a Raps tinha 24 candidatos e elegeu cinco, uma taxa de 20,8%, inferior à de 2016. Na ocasião, os maiores feitos foram as eleições no Distrito Federal do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e do senador Reguffe (sem partido), então no PDT.

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    Além da derrota da presidente Carina Vitral (PCdoB) na campanha para prefeita de Santos (SP), apenas dois candidatos ligados ao movimento estudantil, segundo listagem da União Nacional dos Estudantes (UNE), conseguiram se eleger como vereadores em todo o país. A UNE apresentou em seu site 35 candidatos, todos dos partidos de esquerda: PSOL, PT, PCdoB e PDT. Só 5,7% deles obtiveram sucesso. O ex-presidente Daniel Iliescu (PCdoB) fracassou ao tentar uma cadeira na Câmara Municipal de Petrópolis. A UNE divulgou as candidaturas em seu site oficial, mas afirmou que era “isenta de posicionamento” em relação às campanhas. Os eleitos foram o ex-presidente da UNE Gustavo Petta (PCdoB), em Campinas (SP), e Sâmia Bomfim (PSOL), em São Paulo.

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    Candidatos originários do movimento estudantil não são uma novidade. Ex-presidentes da UNE ocupam ou passaram por cargos de destaque no país como os ex-ministros Orlando Silva (PCdoB) e Aldo Rebelo (PCdoB), o senador Lindbergh Farias (PT) e o chanceler José Serra (PSDB). Petta, por exemplo, já tinha carreira política e eleitoral. A baixa taxa de eleição pode estar ligada à queda de votos em geral dos partidos de esquerda que apoiaram os governos Lula e Dilma (à exceção do PSOL). Essas siglas tradicionalmente concentraram as candidaturas da UNE, base dos governos petistas. Em alguns casos, como Porto Alegre, também havia quatro candidatos disputando a mesma fatia do eleitorado ligado ao movimento estudantil.

    Sâmia Bomfim também consta como a única eleita pelo movimento suprapartidário de esquerda Bancada Ativista, que surgiu neste ano e lançou oito candidatos apenas na Câmara Municipal de São Paulo. O grupo surgiu neste ano com objetivo de eleger “ativistas” que militam em causas diferentes, como os movimentos feminista, negro e hacker. O percentual de eleitos ficou em 12,5% dos candidatos lançados, filiados à Rede Sustentabilidade e ao PSOL.

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    A estratégia da Bancada Ativista – concentrar oito candidatos para disputaras mesmas 55 vagas de vereadores em São Paulo – foi diferente da adotada pelo MBL, de orientação liberal e de direita. Do grupo, só Fernando Holiday (DEM), uma das três caras mais famosas do MBL, tentou e conseguiu se eleger como vereador na capital paulista. Como VEJA mostrou no domingo, o MBL optou por lançar apenas um candidato na maioria das cidades onde disputou um cargo eletivo – as exceções foram Porto Alegre (RS) e Araras (SP), com dois candidatos a vereador cada. O MBL elegeu 18% dos 44 candidatos, sendo sete vereadores e o prefeito José Pocai Junior (PPS), da pequena Monte Sião (MG). O grupo, antes apartidário, também fez campanha para os tucanos Marchezan Jr, que disputa o segundo turno em Porto Alegre, e João Doria, prefeito eleito em São Paulo, embora nenhum deles seja representante do MBL.

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    Também à frente de protestos de rua contra a corrupção e favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Vem Pra Rua optou por não apoiar nenhum candidato, tampouco lançou lista com nomes. Integrantes do Vem Pra Rua, no entanto, disputaram as eleições de forma independente por todo o país e chegaram a usar o nome do grupo. Os líderes tiveram que se licenciar das atividades do Vem Pra Rua, apesar de terem a imagem pública ainda vinculada ao grupo. É o caso de Janaína Lima, eleita vereadora em São Paulo pelo Partido Novo – ela também integra a Raps.

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    Coordenadores regionais do Vem Pra Rua, o advogado Alex Ladislau (PRP), candidato a prefeito de Boa Vista (RR), e o médico Cezar Leite (PSDB), candidato a vereador em Salvador (BA), não tiveram votos computados porque concorreram sob recurso judicial quanto ao registro de candidatura. Ladislau não conseguiria sequer passar ao segundo turno, mas Leite atingiu votos suficientes para se eleger. O vendedor Johnny Costa dos Santos (PPS) ficou como suplente em Goiânia (GO).

    Confira abaixo os eleitos

    Nome Estado Partido Cidade Resultado Grupo
    Marschelo Meche SP PSDB Americana Eleito MBL
    Filipe Barros PR PRB Londrina Eleito MBL
    Homero Marchese PR PV Maringá Eleito MBL
    José Pocai Junior (prefeito) MG PPS Monte Sião Eleito MBL
    Ramiro Rosário RS PSDB Porto Alegre Eleito MBL
    Caroline Gomes SP PSDB Rio Claro Eleito MBL
    Fernando Holiday SP DEM São Paulo Eleito MBL
    Leonardo Braga RS PSDB Sapiranga Eleito MBL
    Gustavo Petta SP PCdoB Campinas Eleito UNE
    Sâmia Bonfim SP PSOL São Paulo Eleito UNE/Bancada Ativista
    Caio Heitor (prefeito) MG PSB Frutal Eleito Raps
    Douglas Lucena (prefeito) PB PSB Bananeiras Eleito Raps
    Nelson Bugalho (prefeito) SP PTB Presidente Prudente Eleito Raps
    Saulo Pedroso (prefeito) SP PSD Atibaia Eleito Raps
    Caio Cunha SP PV Mogi das Cruzes Eleito Raps
    Chiquinho de Assis MG PV Ouro Preto Eleito Raps
    Eduardo Romero MS Rede Campo Grande Eleito Raps
    Gabriel Azevedo MG PHS Belo Horizonte Eleito Raps
    Gilberto Natalini SP PV São Paulo Eleito Raps
    Guto Issa SP Rede São Roque Eleito Raps
    Janaína Lima SP Novo São Paulo Eleito Raps/Vem Pra Rua
    Luiz Paulo Guimarães MG DEM Curvelo Eleito Raps
    Marcos Papa SP Rede Ribeirão Preto Eleito Raps
    Nancy Thame SP PSDB Piracicaba Eleito Raps
    Níkolas Reis SC PDT Itajaí Eleito Raps
    Rodrigo Paixão SP Rede Vinhedo Eleito Raps
    Washington Bortolossi SP PPS Itatiba Eleito Raps
    Edvaldo Nogueira (prefeito) SE PCdoB Aracaju 2º turno Raps
    Guti (prefeito) SP PSB Guarulhos 2º turno Raps
    Napoleão Bernardes (prefeito) SC PSDB Blumenau 2º turno Raps
    Nelson Marchezan Jr (prefeito) RS PSDB Porto Alegre 2º turno Raps
    Raquel Lyra (prefeito) PE PSDB Caruaru 2º turno Raps
    Silvio Barros (prefeito) PR PP Maringá 2º turno Raps
    Gisele Uequed (vice) RS Rede Canoas 2º turno Raps
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